Comparativo: Novo Toyota Corolla x Peugeot 408 THP
Um comparativo com detalhes surpreendentes de ambos os carros
Por Jorge Augusto
Fotos: Marcelo Alexandre
Comparativos de carros são sempre alvo de polêmica, ainda mais quando eles não são feitos usando critérios técnicos. E justamente por isso, o Comprecar resolveu realizar esse comparativo, certamente polêmico. Escolhemos o segmento altamente competitivo dos sedans médios. Ainda que não seja o de maior volume em vendas, certamente é o mais concorrido, em função da grande oferta de modelos e do equilíbrio entre os competidores.
Dentre os principais competidores, podemos destacar 10 diferentes carros. Existem ainda mais alguns modelos (menos expressivos) que podem querer disputar um lugar ao sol, nessa categoria. E para esse comparativo, trouxemos um dos lideres de venda: o conceituado Toyota Corolla. Ao seu lado, colocamos um dos “azarões” no número de vendas: o Peugeot 408. O objetivo dessa matéria é justamente comparar tecnicamente os veículos, visando esclarecer o consumidor sobre detalhes que geralmente são “esquecidos” em comparativos de outras mídias do setor.
É inegável o legado positivo que o Toyota Corolla deixou ao longo de sua existência no Brasil. O modelo chegou importado em 1994 já na sétima geração. Não demorou para o modelo ser produzido em solo nacional. Em 1998, o sedan passou a ser produzido na planta da Toyota de Indaiatuba (SP). Agora, com a chegada da décima geração, ele ganhou ainda mais atrativos. Porém, chegou “caro” se considerarmos a média de preço dos concorrentes. Nessa matéria, temos a versão topo de linha Altis.
Do outro lado temos o Peugeot 408. O modelo nunca teve grande expressão nas vendas. Segundo a própria Peugeot, o modelo ocupa a nona posição nas vendas (vergonhosa, por sinal). O Peugeot 408 foi inicialmente apresentado de relance no salão do automóvel de 2010 (em São Paulo) e colocado efetivamente no mercado brasileiro em fevereiro de 2011. O novo sedan da Peugeot chegou ao mercado para tentar reescrever a história de sedans da marca, no Brasil. Essa trajetória começou com o modelo 405, seguido pelo 406. E por fim, a vez do 407. Com a descontinuação da família 407 e 607, que acabaram se fundindo no atual modelo 508, abriu-se uma lacuna, que hoje no Brasil é ocupada pelo 408. Desenvolvido para mercados específicos é vendido na América Latina e não esta disponível na Europa. Nessa matéria, temos a versão topo de linha Griffe THP.
Deixando de lado questões de estilo e estética, vamos direto aos detalhes técnicos que podem ser comparados, sem o envolvimento preferências pessoais e subjetivas. Não faremos a comparação do visual dos carros, uma vez que gosto é algo muito pessoal. Apenas duas considerações: Enquanto o novo Corolla traz um visual mais moderno e arrojado, o Peugeot 408 tem linhas discretas e conservadoras.
Tamanho e espaço interno
Isso é algo que realmente importa num sedan médio. Afinal, o cliente procura espaço interno e bom aproveitamento do porta-malas.
A décima geração do Corolla trouxe melhorias, como mais espaço interno. Agora, são 2,7 metros no entre-eixos (10 centímetros a mais do que a geração anterior). O carro tem 4,62 metros de comprimento e 1,77 metro de largura. Nessa nova geração foram adotados bancos dianteiros mais finos. Isso permitiu crescer o espaço para as pernas no banco traseiro em 9 cm. O Corolla continua a oferecer o assoalho traseiro totalmente plano, que garante conforto para quem viaja no centro do banco traseiro. O Peugeot 408 é também generoso nas medidas. Com arquitetura semi-elevada, tem comprimento de 4,69 metros, largura de 1,81 metro e um entre-eixos de 2,71 metros.
No banco traseiro, o Corolla leva ligeira vantagem no conforto, pois o desenho mais moderno de abertura das portas e posição dos bancos, acomodam os passageiros de melhor maneira. Destaque para o assoalho plano. Mas fica a ressalva que o teto do 408 é mais alto e o descansa-braço articulável é mais funcional, no carro francês.
O porta-malas do Corolla oferece 470 litros. Ainda que tenha uma ampla “boca”, que permita acesso de objetos mais volumosos, ele tem um grave problema. A dobradiça é comum, e invade o compartimento quando o porta-malas é fechado, podendo bater nas bagagens, quando todo o espaço é ocupado.
No Peugeot 408 o porta-malas tem capacidade maior (526 litros) e possuiu a vantagem de usar dobradiças pantográficas, que não invadem o porta-malas. Assim, dá para encher o porta-malas até a boca, sem surpresas na hora de fechá-lo. O senão fica por conta da “boca” do porta-malas, menor.
Nos bancos da frente, o espaço é semelhante em ambos os carros. O Corolla leva vantagem em alguns pontos. Para começar, o painel mais próximo do moto rista permite melhor ergonomia. O moto rista não precisa desencostar do banco para acessar todos os botões. Já no 408, o painel recuado ainda que dê a sensação de mais espaço, obriga o moto rista a fazer mais movimentos no banco, para interagir com os controles. Outra vantagem do Corolla esta na melhor disposição de porta-objetos e compartimentos. No Corolla, todas as 4 portas aceitam garrafas de 1 litro. No 408, apenas nas dianteiras.
Ambos os carros contam com ajuste de altura e profundidade do volante. No Corolla, o banco do moto rista traz ajustes elétricos. Já no 408 eles são manuais. A postura no Corolla é mais confortável e anatômica, enquanto no 408 ela é mais esportiva e menos confortável.
Ainda no interior, excluindo as considerações sobre beleza e estilo, o Corolla tem melhor qualidade na construção do acabamento. No carro japonês as peças tem montagem mais precisa e robusta. Além disso, ainda que ambos tragam forração em couro, dá para notar a melhor qualidade no carro japonês.
Motores e Câmbios
O Corolla Altis vem equipado com moto r flex 2,0 litros - 16 válvulas. Sua potência máxima é de 143 cv na gasolina, e 154 cv com etanol. O torque máximo é de 20,3 kgfm (no etanol) atingido à 4.800 rpm. A novidade no carro japonês é o sistema de partida a frio que dispensa o tanquinho de gasolina de partida. Os bicos injetores são dotados de um sistema que preaquece o etanol no momento da partida, quando o moto rista aperta o botão de partida. Certamente, a maior ousadia da Toyota no Novo Corolla é a transmissão batizada de Multi-Drive. Baseada na tecnologia CVT (câmbio continuamente variável), essa substitui o jurássico câmbio automático de quatro marchas, da geração anterior. Essa transmissão tem como característica principal “simular” sete marchas, usando a tecnologia CVT. Isso foi feito para reduzir a rejeição que o cliente brasileiro sobre a tecnologia CVT tradicional. Tipicamente, numa aceleração forte, o CVT convencional não efetua nenhuma troca de marcha. No Novo Corolla com o Multi-Drive tem-se a sensação das trocas das marchas, porém com suavidade, uma vez que a passagem de uma marcha para a outra é gradual. A transmissão Multi-Drive ainda oferece a possibilidade de trocas “manuais” sequenciais, que podem ser feitas na alavanca de câmbio ou por meio das borboletas localizadas atrás do volante. Ela conta ainda com a tecla “Sport Mode” que altera o mapeamento do software de gerenciamento da transmissão, e proporciona ao Novo Corolla um comportamento mais dinâmico, em relação a geração anterior.
O Peugeot 408 traz um eficiente moto r turbo à gasolina de 1,6 litro - 16V, batizado pela Peugeot de THP. Ele fornece potência máxima de 165 cavalos a 6 mil RPM. O seu torque máximo é de 24,5 kgfm, atingido em baixa rotação com apenas 1.400 rpm. Isso é especialmente útil em acelerações. Fazendo par com esse moto r esta um câmbio automático sequencial de seis marchas. Entre os recursos desse câmbio, o tip-tronic que permite ao moto rista escolher manualmente as marchas, com toques na alavanca (não existem as borboletas atrás do volante). Além da seleção sequencial, no modo automático é possível utilizar uma programação esportiva (que efetua trocas com rotações mais elevadas) ou programação para pisos de baixa aderência. Essa é útil em ruas de paralelepípedo molhado, pois o câmbio usa marchas elevadas para diminuir a chance das rodas patinarem.
Desempenho e consumo
Certamente o Novo Corolla ficou mais eficiente com a nova transmissão. Em linhas gerais, o carro está 15% mais rápido na aceleração de 0 a 100 km/h. Assim, são necessários 9,6 segundos para chegar a 100 km/h (abastecido com etanol). A Toyota não declara velocidade máxima oficial, mas fica claro que o carro sofre para conseguir se aproximar dos 200 km/h (e não consegue atingir a marca).
Um detalhe importante é que o Corolla recebeu nota “A” no Programa de Etiquetagem Veicular do INMETRO, em todas as versões de moto rização e transmissão. Dessa forma, a configuração mais comercializada (com moto r 2 litros e câmbio CVT), faz médias de 8,7 e 12,6 km/l na estrada (usando etanol e gasolina, respectivamente). Já na cidade, a média cai para 7,2 e 10,6 km/l.
O 408 Griffe THP entrega performance de fazer inveja inclusive à carros que se dizem esportivos. A velocidade máxima é de 213 km/h e a aceleração até 100 km/h acontece em apenas 8,3 segundos.
O 408 THP não esta no Programa de Etiquetagem Veicular do INMETRO. Ainda sim, podemos fazer algumas considerações sobre seu consumo. Na cidade, ele certamente consome mais gasolina que o Corolla. Isso porque o câmbio da Peugeot tende a manter a rotação do moto r em giro alto. A média é de 9 km/l na cidade. Já na estrada, em velocidade constante, o conjunto da Peugeot é mais eficiente, com média de até 13,5 km/l.
Aqui fica claro, que se a escolha for pela economia e conforto, o Corolla é a melhor opção. Ainda que o moto r não empolgue muito, o novíssimo e eficiente câmbio CVT faz toda a diferença na suavidade e economia de combustível dentro da cidade. Agora, quem gosta de acelerar, a opção mais que certa é o 408. O desempenho é nitidamente melhor que no carro japonês, em qualquer aspecto. O preço disso é o maior consumo na cidade e um câmbio bem mais áspero. Não vamos esquecer que o Peugeot é mais econômico na estrada, em velocidade constante.
Climatização
Considerando que estamos em um país tropical, e que na maior parte do ano as temperaturas são elevadas, um bom sistema de ar-condicionado é fundamental. E nesse sentido, o carro da Peugeot se mostra mais eficiente.
No Corolla Altis, o sistema de ar-condicionado é digital e automático de simples zona. Existem apenas quatro saídas para o ar climatizado, no painel do carro. Já no 408, o sistema de ar-condicionado é digital e automático de dupla zona. Certamente, mais conforto para moto rista e passageiro que podem ter temperaturas diferentes. Além disso, existem cinco saídas de ar no painel do carro. Então, a quinta saída central, pode ser utilizada para direcionar o ar exclusivamente para o banco de trás, possibilitando uma melhor climatização do veículo. Soma-se ainda duas saídas de ar climatizado, no final do console central, exclusivas para o banco traseiro. Outro detalhe é que o 408 Griffe também vem equipado com teto-solar. É possível usar o teto basculado, melhorando ainda mais a circulação de ar no interior do carro.
Sistemas de Iluminação
Nesse item, cada um dos carros tem uma vantagem específica. O Corolla, por exemplo, é o primeiro sedan médio do mercado a vir equipado com um farol de LED, de verdade. O farol baixo utiliza tecnologia LED para iluminação. A principal vantagem do LED é o acendimento imediato no tom e cor exata, além de menor consumo de energia. Entretanto, o farol alto faz uso de lâmpadas convencionais. O Corolla Altis também vem equipado com luzes de posicionamento diurno em LEDs, que auxilia na segurança.
O Peugeot 408 não oferece nenhum tipo de luzes para posicionamento diurno. Mas os faróis são do tipo bi-xenon e auto-adaptativos. Além do auto nivelamento, o facho acompanha às curvas do volante. E nesse sentido, esse conjunto à noite é muito mais eficiente no 408, ainda que consuma mais energia.
Na traseira, o Corolla leva vantagem pois traz iluminação da lanterna e do freio em LEDs (demais funções são lâmpadas convencionais) Já no Peugeot, todas a iluminação traseira é feita por lâmpadas convencionais.
Um detalhe muito interessante no Corolla é o acendimento automático das luzes internas, ao se aproximar do carro. Como ele traz sistema de chave presencial (permite abertura de portas e partida sem tirar a chave do bolso) foi incluída a função de iluminar o interior do carro também. Tal recurso não existe no 408, que usa chave convencional tipo canivete.
Equipamentos
Nesse ponto, existem vários equipamentos similares nos dois carros, como: espelhos laterais com repetidores de seta, rebatimento dos espelhos ao trancar a porta, vidros com acionamento elétrico e com simples toque, espelho retrovisor interno eletrocrômico e porta-luvas de tamanho parecido. Mas existem algumas expressivas diferenças também.
Ambos os carros trazem controles no volante para uso do multimedia. No Corolla, os controles tem melhor acesso, pois ficam na parte da frente do volante. Então, é mais fácil entender as funções. No 408, é um comando satélite instalado na parte de trás do volante. Ainda que eficiente, é preciso treino e prática para decorar todas as funções de cada botão, uma vez que não se vê diretamente os controles.
Outro ponto positivo para ambos os carros e o fato de trazerem rodas de estepe de medidas normais. Alguns sedans da categoria utilizam um péssimo estepe temporário mais fino, que prejudica a dirigibilidade do carro. Tanto no Corolla, quanto no 408, eles vem com rodas de ferro de medida 205/55 R16. Mas o Corolla leva uma pequena vantagem, pois o estepe é exatamente da mesma medida que os pneus de uso. Assim, numa substituição, não há alteração na dirigibilidade. No Peugeot, os pneus de uso são 17 polegadas, é há diferença!
Enquanto no Corolla existe abertura remota do bocal do tanque de combustível (no 408 é preciso dar a chave para o frentista), no 408 existe sensor de distância no pára-choque dianteiro, não ofertado no carro japonês.
Ambos os veículos estão equipados com controle de cruzeiro, mas o 408 inclui dois equipamentos extras. Um deles é o limitador de velocidade. Assim é possível programar uma velocidade máxima para não ser ultrapassada, tanto na cidade quanto na estrada. E o carro só acelera até a velocidade escolhida. Outro equipamento disponível no Peugeot 408 é o sensor de chuva no para-brisa (indisponível no Corolla).
Multimedia
Uma grande novidade do Novo Corolla (que também é um diferencial na categoria de sedans médios) é o novo sistema multimídia de 6 polegadas que reúne todas as demais informações do carro, incluindo dados do computador de bordo. Além de trazer todas as principais funções de áudio, a central acrescenta GPS com tela sensível ao toque, câmera de ré e conexões USB e Bluetooth. O ponto alto do aparelho é a possibilidade de reproduzir DVDs além da recepção de sinal de TV Digital aberta. Aliás, o recurso de TV é totalmente inédito na categoria de sedans médios no Brasil. Vale destacar que os recursos de TV ou DVD só exibem imagens quando o carro está parado, e com o freio de mão puxado. Em movimento, apenas o som pode ser escutado. Detalhe que o sistema de gestão dos mapas traz o que há de mais moderno na marca Toyota, no Brasil. Eles são bem completos e detalhados. A navegação ainda oferece opções de rotas, quando o usuário insere um destino. O novo painel do Corolla, mais alto e próximo do moto rista, contribui muito com a facilidade no uso da central, que fica numa posição confortável para operar, e assistir. Entre os recursos do GPS, está a opção de marcar pontos por onde o carro andou, automaticamente. Muito útil, para saber o caminho de volta, sem precisar programar um destino.
Outro diferencial da nova central do Corolla é amplo sistema de gestão para melhorar a eficiência do carro. A central inclui gráficos de consumo médio e instantâneo, além de um mostrador de pontuação ECO. Assim, o moto rista consegue saber se sua forma de conduzir é a mais eficiente para economizar combustível. Além disso, a central vem integrada ao computador de bordo.
Entretanto, existem dois pontos que deixam a desejar. Em primeiro lugar, a central tem um processamento muito lento. A operação de “Zoom In” e “Zoom Out” demora. Até mesmo aumentar ou diminuir o volume do som, acontece com certa demora. Outro problema que foi descoberto durante a nossa avaliação foi uma falha no software da central, que simplesmente faz o computador de bordo do carro travar!
Toda vez que se tenta atualizar manualmente o gráfico de consumo médio na central, o computador de bordo trava a função de consumo instantâneo! E o sistema só volta a funcionar corretamente, quando o carro é desligado e a partida do carro é dada novamente. Esse problema foi constatado em 4, de outros 4 novos Corollas investigados. Ao entrarmos em contato com a Toyota, a resposta ao problema foi a seguinte:
"A Engenharia de Produto avaliou diversas unidades do Corolla disponíveis na frota da empresa e detectou, em duas delas, uma falha de comunicação pontual entre o computador de bordo e a central multimídia. A Engenharia de Produto da Toyota está trabalhando com seus fornecedores para identificar a solução para o ocorrido. Ressaltamos ainda que o fenômeno não altera o funcionamento normal do computador de bordo, nem afeta o funcionamento do veículo no que diz respeito ao desempenho e segurança.
Assessoria de Imprensa Toyota do Brasil"
O Peugeot 408 também vem equipado com multimedia. Ele traz uma tela retrátil no topo do painel e inclui GPS. Toda vez que o carro é ligado, a tela abre automaticamente, e se fecha quando a ignição é desligada. Ela também permite o ajuste fino da inclinação, melhorando a visualização. E mesmo com o moto r ligado, o moto rista pode escolher mantê-la fechada. O senão disso é o sistema multimídia pouco intuitivo. Leva um tempo considerável para o moto rista estar familiarizado, tanto com o sistema de áudio, como com o GPS. Aliás, o GPS traz outra dificuldade, na hora de inserir um endereço. Por não contar com tela sensível ao toque, a inserção de letra por letra torna-se demorada. É preciso usar as teclas do rádio para fazer toda a inserção de dados. A parte boa, é que os mapas são completos e tem um visual bonito. As instruções são claras e a base de dados com pontos de interesse é variada. No mais o rádio oferece conectividade Bluetooth tanto para viva-voz celular, bem como a reprodução de música digital através de equipamentos compatíveis. O sistema ainda conta com entrada auxiliar do tipo P2 e entrada USB, posicionadas entre os bancos dianteiros.
Dirigibilidade e segurança
Esse é outro item que revela grandes diferenças entre os concorrentes. O Toyota é certamente a escolha para quem não abre mão do conforto, e da durabilidade. Ainda que a suspensão seja mais macia, ela mostra construção mais consistente em buracos, valetas e lombadas. Aliás, o carro japonês raspa bem menos nesses obstáculos. O ponto alto é realmente a precisão na filtragem de irregularidades do solo. Os pneus 205/55, com rodas de 16 polegadas ajudam também. A direção do Corolla é mais leve e suave, principalmente em manobras. O Corolla, não oferece programa de estabilidade eletrônico e nem mesmo um básico controle de tração.
O Peugeot 408 é sem sombra de dúvida o modelo mais esportivo e estável. Sua suspensão é bem mais firme. Quando exigida em curvas, dá maior sensação de controle e interatividade com o carro. A estabilidade do carro é elogiável, auxiliada pelas rodas de 17 polegadas calçadas por pneus 225/45. A direção do 408 também é mais firme e pesada. Ainda que a Peugeot tenha revisado recentemente a suspensão de seu sedan, ela ainda não tem a consistência mecânica do concorrente japonês. Entretanto, é incomparável a melhor estabilidade do carro da Peugeot, a começar dos pneus mais esportivos. Além disso, o 408 vem com programa de estabilidade eletrônico de série.
Sob o aspecto de segurança, o novo Corolla Altis vem com sete air-bags, sendo um exclusivo para o joelho do moto rista. Já o 408 Griffe THP traz seis air-bags.
Considerações, mercado e conclusão
Analisando os dois carros até aqui, pode-se dizer que o carro japonês ganha com uma margem muito apertada, em relação ao concorrente francês. E isso, considerando uma analise geral, pois se o cliente quiser um carro esportivo, o 408 será melhor opção.
Do ponto de vista mais subjetivo e emocional, o Novo Corolla é um carro com estilo mais interessante, arrojado e moderno. Já o 408 tem um visual cansado e menos estimulante. Mas isso não basta para explicar a diferença (pra não dizer um abismo) na performance de venda dos dois modelos. Então o que justifica a briga pela liderança de vendas no Corolla, e a vergonhosa nona posição do 408, uma vez que nessa avaliação foi provado por “A+B” que os carros são realmente próximos, do ponto de vista técnico!?
A primeira explicação vem da forma como cada produto esta posicionado dentro própria marca. Na Toyota, o Corolla é o “carro-chefe” das vendas. Mesmo com a chegada do compacto Etios (que não fez o sucesso esperado) o Corolla é o fiel da balança para a marca, e para a rede de concessionários. Além de um elevado padrão de atendimento, os vendedores da Toyota são bem preparados, altamente focados e comprometidos com o produto.
Já na Peugeot, a história é bem diferente. O primeiro culpado é certamente a rede de concessionários, que esta muito mais preocupada em vender o 207, 208 e até 308, do que seus sedans 408 e 508. Além disso, a falta de preparo dos vendedores com informações do 408 é mais que evidente. O segundo culpado é a própria Peugeot, que não aposta no potencial do excelente carro que tem nas mãos. Não é fácil encontrar uma boa grade de cores e versões do 408, no showroom das concessionárias. O resultado dessa situação é exatamente o que encontramos no mercado: a vergonhosa nona posição de vendas, para um produto que tem inegavelmente muito mais potencial!
O Corolla Altis é vendido por R$ 93 mil, num pacote único sem opcionais. Já o Peugeot 408 Griffe THP começa em 76 mil. A pintura metálica custa mais R$ 1,2 mil. Os faróis de xênon e sensor de estacionamento dianteiro custam mais R$ 3,5 mil. Ainda sim, o preço final do 408 não passa de R$ 81 mil. A diferença entre os dois carros é de mais de R$ 12 mil! E isso, quando algum cliente, aceita pagar ágio no novo Corolla Altis. Temos informações de clientes que pagaram quase R$ 96 mil nessa versão!
Fato que o Corolla Altis desvaloriza um pouco menos. Segundo os cadastros do Comprecar, enquanto um 408 THP Griffe 12/13 tem preço médio de R$ 58 mil, o Corolla Altis 12/13 é vendido por quase R$ 70 mil. Então fica a pergunta: vale pagar R$ 12 mil à mais num Corolla Altis zero KM, frente ao Peugeot 408 THP. Isso depende muito do objetivo do comprador. O Corolla é a escolha para quem quer um carro confortável, eficiente, prático e com maior facilidade na revenda. Já o Peugeot 408 é a escolha para quem busca um sedan mais esportivo, gostoso de dirigir, discreto e não esta muito preocupado com a situação da revenda.
Revista Comprecar
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